Para especialistas, oposição demorou e novo protesto afeta
pouco o governo
O terceiro grande ato nacional contra a presidente
Dilma Rousseff, neste domingo (16/08), perdeu a força em relação aos protestos
de março e abril e deve ter pouco efeito sobre a situação do governo, segundo
especialistas ouvidos pelo UOL. Para eles, o Executivo conseguiu tornar a
situação "menos pior" graças à sua reação nos dias que precederam o
evento, e a oposição parece ter demorado demais para aderir às manifestações.
Veja abaixo o que dizem os pesquisadores Jairo Pimentel
Júnior, da consultoria APPC; Fábio Wanderley Reis, da UFMG
(Universidade Federal de Minas Gerais); e Hilton Cesário Fernandes,
da Fespsp (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo).
Jairo Pimentel Júnior, (APPC, consultoria de opinião
pública)
Saldo para o governo: "Acabou sendo neutro, pois não
acho que as manifestações vão afetar mais o governo do que já foi afetado. Não
vai piorar por causa disso. Os eleitores que foram para a rua hoje foram,
basicamente, quem votou na oposição e eles já estão mais do que zangados com a
presidente. Os atos não vão piorar os índices de aprovação dela, que já são
muito baixos. Para ocorrer o impeachment, é preciso ter elementos mais
tangíveis, como descobrir que ela participou diretamente dos crimes da operação
Lava Jato, ou por crime de improbidade no Tribunal de Contas da União. Enquanto
isso, a imagem dela vai continuar negativa por conta da questão econômica, mas
isso não vai levar ao impeachment".
Saldo para a oposição: "Foi um pouco negativo.
Nesta manifestação, o foco foi o impeachment de Dilma, mas nas outras o foco
foi mais geral. Como o público foi menor [em relação a março], creio que o
movimento perdeu força nos últimos meses, independentemente da popularidade de
Dilma ter caído nesse tempo. Para políticos da oposição que tentaram se
vincular aos protestos, essa intenção não teve a força que poderia ter tido
naquele período [o primeiro semestre]. A decisão deles de participar talvez
tenha sido um pouco fora de hora, porque nesse momento há menos pessoas
dispostas a ir para a rua"
Fábio Wanderley Reis (UFMG)
Saldo para o governo: "Vejo esses atos como
'desinflados', com um começo de perda do empuxo popular. Acho que é natural,
pois é difícil manter a mesma dinâmica por muito tempo. Em relação ao governo,
o saldo é positivo, pois há claramente uma regressão da postura mais agressiva
em comparação a momentos anteriores. A movimentação política desta semana
indica um certo esforço de moderação, com o recuo de Renan no Senado;
um isolamento do presidente da Câmara [Eduardo Cunha], e as convergências
de apoio na faixa empresarial".
Saldo para a oposição: "O quadro agora envolve um certo
refluxo da movimentação política contra o governo. A alternativa que nós
tínhamos, a do impeachment, envolve riscos, visto o enfrentamento de forças
políticas latente desde a eleição passada, e não é desejável que a turbulência
enfrentada pelo governo continue".
Hilton Cesário Fernandes (Fespsp)
Saldo para o governo: "É até positivo, não tanto pelas
manifestações. Por elas, é claramente negativo, porque emitem uma movimentação
mais forte para o impeachment. Mas foi positivo porque o governo soube reagir
dessa vez, ao contrário de março e abril. No primeiro momento, com o reposicionamento
de Dilma durante a semana, que compareceu a mais eventos, depois ao se
aproximar com o PMDB, via Renan Calheiros, com o acordão [Agenda Brasil], e
ainda um movimento dentro do PT para se unir em torno da presidente. Os atos
anteriores foram precedidos por manifestações sindicais, mas que aconteceram
dias antes do 'Fora Dilma'. Desta vez, o PT programou uma manifestação no mesmo
dia, na frente do Instituto Lula, sem partir para o confronto. Isso foi
muito estratégico, pois não importa tanto a quantidade de pessoas, já equilibra
um pouco o assunto".
Saldo para a oposição: "Não dá para avaliar agora. Por
um lado, a oposição começou a se aproximar agora desse movimento, que apesar de
se dizer apolítico, permitiu que eles [os políticos] falassem alguma coisa. É
possível que a participação do PSDB tenha esvaziado um pouco o chamado
para as ruas, pois algumas pessoas podem ter se sentido incomodadas de
participar de um movimento que elas não sabem quem lidera e podem até se sentir
manipuladas. E ainda é um movimento disforme, de ataques e criticas à
presidente, mas sem uma pauta para a substituição dela".
Quem mandou as imagem não sei, mais foi assim que foi vista la
fora.